sábado, abril 19, 2008

programa de enriquecimento instrumental

PEI

Entrevista 1º de abril de 2004 – Glória Maria Veloso Maciel – Mediadora do P.E.I. da Escola Carlos Saloni.
1 - O que é o P.E.I.?

PEI é uma sigla que significa Programa de Enriquecimento Instrumental. Basicamente é um programa que foi desenvolvido para corrigir desordens nos processos de raciocínio. Aplicado por um professor-mediador, ele pode ajudar crianças, jovens e adultos através de um conjunto de exercícios e atividades que estimulam a ampliação das habilidades de aprender de cada um.

2 - Quem desenvolveu e como surgiu o Programa?

O P.E.I. surgiu no pós-guerra, quando a Europa viu que tinha um grande número de crianças judias, que haviam ficado órfãs por conta do holocausto, ou que haviam nascido em campos de concentração. Depois da guerra foi preciso encontrar uma maneira de reintegrar essas crianças à sociedade, foi quando o psicólogo e professor romeno Reuven Feuerstein começou a estudar um grupo de crianças de um orfanato de Israel.
Os testes de Q.I. das crianças apresentaram um baixíssimo rendimento, o que as impedia de freqüentar as escolas regulares do país. Mas através de suas observações, Feuerstein detectou em todas uma grande capacidade de aprender, se habituavam com facilidade a novas rotinas e eram perfeitamente capazes de assimilar novas informações.
As crianças sofriam de privação cultural. Além disso, elas tinham desordens nos processos de raciocinar. O que faltava para elas era um estímulo externo para que elas desenvolvessem suas habilidades naturais de aprender, e exercícios para reencaminhar seus processos de raciocínio. Assim, Feuerstein desenvolveu o Programa.

3 - Como é a aplicação do programa nos dias de hoje?

Um desafio é apresentado ao aluno e o professor-mediador define no grupo regras para serem seguidas na solução do problema. Em seguida, o aluno vai realizar a tarefa, lançando mão de suas próprias estratégias e seguindo as regras definidas no início. Quando o aluno chega a uma solução para o desafio, ele utilizou todos seus recursos mentais e cognitivos. Esse processo revela possíveis dificuldades de aprendizagem, com as quais o professor-mediador vai trabalhar. Ele tem o papel de ajudar o aluno a entender as suas dificuldades, e estimulá-lo a desenvolver novos caminhos para vencer o desafio.

4 - Porque a Escola Carlos Saloni adotou o P.E.I?

A Escola entende que é sua obrigação criar caminhos para ajudar os alunos na superação de suas dificuldades. E o P.E.I. se encaixa perfeitamente nesse desafio de superação. Visitamos e apresentamos o Programa a outras escolas, mas apenas o Saloni se interessou e implantou. Desde 2000 desenvolvemos as atividades com o s alunos, e 2004 já é o 5.º ano consecutivo de trabalho.
O sucesso do Programa se deve ao esforço da escola em identificar individualmente as dificuldades dos seus alunos. Pois cada criança possui diferentes experiências de vida, e nem sempre suas dificuldades de aprendizagem são as mesmas. Assim é necessário realizar um trabalho direcionado àquela necessidade.

5 - Como é a dinâmica dentro de um grupo de P.E.I. no Saloni?

O professor-mediador estabelece com o aluno um contato muito próximo, para que assim ele possa identificar de onde vêm as dificuldades detectadas. Qual é a natureza do problema? É emocional? É apenas cognitiva? Ou o aluno apenas não sabe qual a melhor maneira para estudar? A partir daí o mediador escolhe a melhor estratégia para lidar com o aluno, direcionando os exercícios e desafios que poderão estimular a habilidade a ser desenvolvida.
É importante deixar claro que o foco do P.E.I. é o aspecto cognitivo do problema, porém temos observado melhorias também no aspecto emocional dos alunos. Isso acontece porque quando o aluno consegue superar sua dificuldade, ele recupera a auto-estima e transporta esta atitude para outras áreas de sua vida (famílias, amigos, etc).

6 - Quais os resultados que a Escola já observou? Como os alunos responderam ao programa?

O primeiro efeito percebido foi a mudança de atitude dos alunos participantes do programa diante de suas dificuldades. As crianças ficaram menos impulsivas, menos ansiosas, mais concentradas e conscientes de suas dificuldades, mas ao mesmo tempo, com mais coragem e vontade de enfrentá-las.
Em março de 2004 realizamos uma atividade com os alunos de 5.ª série ao 3.º ano do Ensino Médio, entre eles haviam alunos que já conheciam o programa, bem como aqueles que estavam tendo o primeiro contato com o PEI. Os alunos experimentaram um exercício, e depois escreveram sobre a experiência (seguem exemplos).
Alunos que tiveram o primeiro contato descreveram: nervosismo, ansiedade, vontade de terminar logo, vontade de acertar, irritação, injuriação, falta de capacidade, vontade de desistir.
Por outro lado, alunos que já tinham passado pelo PEI declararam: facilidade, maior concentração na tarefa, felicidade por solucionar, maior paciência, tranqüilidade, certeza que venceria o desafio apesar da dificuldade, sentimento de superação, vontade de continuar tentando, pensar mais para achar a solução, pedidos de ajuda aos professores, persistência, concentração e raciocínio lógico.

7 - Então, qual a vantagem prática do P.E.I. para a escola?

O PEI ajuda no diagnóstico das dificuldades dos alunos e permite que a escola lide de maneira mais eficaz com isso. E ainda oferece as ferramentas necessárias para que essas dificuldades sejam superadas. Ou seja ele esclarece e interfere na real dificuldade, encorajando o aluno a continuar aprendendo apesar de sua dificuldade.
E especificamente, no Colégio Carlos Saloni, que também oferece acompanhamento psicológico para seus alunos, o PEI serve como um identificador dos mecanismos emocionais que o aluno usa para escapar do enfrentamento da dificuldade. Auxiliando o trabalho psicológico.
Assim a escola consegue oferecer ao aluno o máximo possível de recursos para que ele supere suas dificuldades escolares.





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