sábado, fevereiro 11, 2006

Literatura III

"Eu sou, e muito, aquilo que li. Os livros me fizeram ser quem sou profissionalmente...

Na vida pessoal, os livros me dão asas, me fazem companhia, me estimulam, me envergonham...

Em suma, são provocadores importantes de emoções e pensamentos...

Não consigo dissociar minha vida da literatura. Tenho uma relação de amor e ciúme com meus livros. A leitura enriquece porque provoca, perturba e anima o ser...

A leitura provoca imagens que têm vida própria, e, na sua autonomia, agita a existência e permite a noção de sentido das coisas. O resto é sobrevivência. A vida sem provocações, sem imagens, é pobre...

É difícil precisar as interferências da literatura na mente humana. A lucidez que possa vir dela virá em doses diferentes para pessoas diferentes. Será única para aqueles capazes de reconhecê-la. É uma experiência difícil de compartilhar. Para isso é preciso que se leia e converse sobre leitura. Ninguém pode ser lúcido sozinho. Talvez possa, mas não adianta muito...

Não somos nós que achamos os livros; são eles que nos acham. De alguma forma, entramos no caminho de uma determinada obra por já estarmos com a mente aberta para ela. A educação, essa sim, é o modo mais eficiente de despertar o interesse pelo universo cultural e criar intimidade com ele. É uma viagem longa, mas, uma vez iniciada, não há retorno.”

Frederico Lucena de Menezes, psiquiatra e escritor.

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